Jovens usuárias do TikTok têm compartilhado vídeos que exibem suas rotinas como casadas, muitas vezes marcados com hashtags como #casadaaos14, atraindo milhões de visualizações. Nesses vídeos, elas mostram atividades domésticas, preparam refeições e até dão conselhos sobre a vida conjugal, frequentemente referindo-se a seus ‘maridos’. Especialistas alertam que essa tendência pode romantizar o casamento infantil, normalizando uma prática ilegal e prejudicial.
Apesar da recente sanção do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Digital, que visa proteger crianças e adolescentes no ambiente online, alguns especialistas argumentam que esses conteúdos podem não ser considerados uma violação direta da lei. No entanto, a romantização do casamento infantil é vista como problemática, pois reforça estereótipos de gênero e idade, além de minimizar o aspecto de violência inerente a essas situações.
Dados do IBGE revelam que, em 2022, cerca de 34 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos viviam em união conjugal no Brasil, sendo a maioria meninas. A legislação brasileira proíbe o casamento antes dos 16 anos, mesmo com consentimento dos pais.
O TikTok informou que removeu alguns dos conteúdos e perfis citados na reportagem, pois violavam as diretrizes da comunidade. A plataforma alega que não permite a exibição, promoção ou envolvimento em abuso ou exploração sexual de jovens, incluindo relacionamentos românticos entre adultos e jovens.
Especialistas defendem uma moderação mais proativa das plataformas de mídia social em relação a conteúdos que promovam o casamento infantil, mesmo que não sejam explicitamente ilegais. Eles argumentam que as redes sociais têm a responsabilidade de proteger os direitos de crianças e adolescentes no ambiente digital.