Três semanas após a IBM confirmar a compra da Red Hat por um valor de US$ 34 bilhões, a empresa revelou quais são os seus planos para justificar aquilo que se tornou a maior aquisição de uma companhia da história.
Segundo Arvind Krishna, vice-presidente da divisão de nuvem e software cognitivo da IBM, a aquisição da Red Hat é essencial para que a IBM se torne um dos principais nomes do mercado de nuvem híbrido, que segundo as estimativas da companhia se tornará um mercado de US$ 1,2 trilhão nos próximos anos.
Krishna explica que o expertise da Red Hat será fundamental para que a IBM possa melhorar o Watson, a tecnologia de inteligência artificial da empresa. Com a aquisição da Red Hat, a IBM adquiriu para si uma desenvolvedora de softwares em nuvem de código aberto cujos produtos já são muito populares entre os desenvolvedores, e que podem ajudar a expandir o alcance da IBM no setor corporativo.
O executivo revelou que a empresa já otimizou uma centena de seus produtos para rodarem no OpenShift, uma plataforma muito popular da Red Hat que permite que os mesmos software rodem em diferentes ambientes computacionais. Esse aplicativo é muito usado por desenvolvedores em sistemas de nuvem híbridos, que permitem que empresas executem diversos processos através de redes públicas de nuvem – como a Amazon Web Services – e, ao mesmo tempo, mantenham pedaços de sua rede acessíveis apenas através de seus próprios data centers internos.
Atualmente, a IBM tem pouca relevância no mercado de nuvem, que é totalmente dominado pelo Amazon (Amazon Web Services), Microsoft (Microsoft Azure) e Google (Google Cloud). O movimento de compra da Red Hat mostra que a empresa meio que “desistiu” de brigar nesse setor onde não vê brechas de entrada, e escolheu sair na frente pelo domínio dos sistemas de redes híbridas – e que Krishna acredita que logo irá se tornar ainda mais valioso do que o atual mercado de nuvem.
Pelas estimativas do executivo, o mercado de redes híbridas logo valerá cerca de US$ 1,2 trilhão no total, sendo que desse montante US$ 100 bilhões serão relativos ao setor de componentes e hardware para a montagem dessas redes, US$ 150 bilhões para a contratação de infraestrutura em nuvem, US$ 350 bilhões para a aquisição de software específico para esses sistemas e US$ 550 bilhões em consultorias e serviços de manutenção.
Assim, a aquisição da Red Hat colocaria a IBM em uma posição de prestígio nesse mercado: a de soluções de software e inteligência artificial. Isso porque os consumidores que já utilizam o sistema da Red Hat terão um bom motivo para optar pelos serviços da IA Watson da IBM, pois a centralização de toda a estrutura de TI de uma empresa nos sistemas que pertencem à IBM permitirá que se alcance resultados muito mais rápidos na análise de dados da rede.
A IBM já havia demonstrado a intenção de fazer algo do tipo quando, no começo do ano, revelou ao mundo a iniciativa Watson Anywhere, que permite que a IA da empresa seja usada em qualquer plataforma de nuvem. Assim, com a compra da Red Hat, as empresas que já possuem o OpenShift em suas redes poderão contratar o Watson para fazer a análise dos dados de seus clientes com alta performance e sem a necessidade de se preocupar em trocar de servidor de nuvem.
Steve Allen, analista da S2C Partners, acha que a abordagem “neutra” da IBM, de se preocupar em oferecer soluções de software compatíveis com qualquer infraestrutura de nuvem, é o caminho mais acertado para a empresa, já que todas as companhias que hoje dominam o mercado de nuvem passarão os próximos anos adquirindo soluções de IA, e a IBM já larga em vantagem ao possuir toda a infraestrutura de software necessária para o bom funcionamento de uma rede híbrida.
O sentimento é ecoado pela analista Maiara Paula Munoz, analista sênior de computação em nuvem da Frost & Sullivan, que afirma que possuir soluções de software que funcionem em qualquer ambiente de rede é exatamente o tipo de coisa que os clientes desejam.
Fonte: Canaltech